CABEÇUDAS II: ESTRADA GERAL E PRAIAS
A localidade de Cabeçudas abrange boa parte do litoral do Município de Itajaí seguindo os contornos da Estrada Geral das Cabeçudas ou Rua Deputado Francisco Evaristo Canziani e chegando ao costão norte do Morro do Farol.
PRAIA DO CAMINHO DA CARROÇA – Ela fica no Caminho de Cabeçudas antes do Molhe, ainda no Saco da Fazenda. Omar Rebello garante que o nome lhe foi passado pelo seu pai. Segundo consta, ali era o local onde os carroceiros faziam breve parada para descansar os cavalos e esfriar as rodas das carroças, antes de seguirem viagem até Cabeçudas. Atualmente o local serve como ponto de subida e descida de equipamento náutico esportivo, como: barcos, lanchas e jet ski. O local também é utilizado por alguns pescadores amadores para a pesca do siri.
MORRO DO ATALAIA – Recebe esse nome porque ele abrigava o funcionário do Porto de Itajaí que, através de bandeiras, sinalizava para os comandantes dos navios se a maré estava favorável ou não para o navio adentrar a barra do Rio Itajaí. Esse vigia, também era conhecido por atalaia, daí o morro receber o nome de Morro do Atalaia. No ano de 2004 foi criado, pelo Decreto nº 7117, o Parque Natural Municipal do Atalaia, abrangendo terras de Cabeçudas e Fazenda.
Popularmente utiliza-se duas formas diferenciadas para designar o local: Morro do Atalaia e Morro da Atalaia. Quando se usa o nome no masculino faz-se referência à atividade do vigia que através de sinalização de bandeiras orientava as embarcações na entrada e saída da barra. Mas, recentemente, se usa a expressão no feminino, fazendo referência à praia que fica próxima: Morro da Praia da Atalaia. Apesar de sua parte mais vistosa estar em território da zona administrativa Cabeçudas, o Morro do Atalaia geralmente é incluído no território da Fazenda, porque o acesso ao Parque Natural Municipal do Atalaia fica na Rodovia Osvaldo Reis. O morro foi cortado na sua base junto ao Saco da Fazenda, com suas pedras servindo de aterro para a construção do molhe da barra. Essa retirada de grande material também serviu para abrir caminho para melhorar as condições de tráfego da Estrada Geral de Cabeçudas.
MOLHE DA BARRA – Os molhes da barra – lado sul e lado norte – foram construídos pela empresa Cobrasil nas primeiras décadas de 1900. Com a separação administrativa de Navegantes (26 de agosto de 1962) apenas o Molhe Sul ficou no território de Itajaí. O local sofreu grandes intervenções por parte da Prefeitura de Itajaí visando incluir o molhe na infraestrutura de lazer colocado à disposição da comunidade em toda a orla marítima. Atualmente, o molhe é utilizado para pesca artesanal de arremesso, caminhadas e prática de esportes, bem como para os turistas apreciarem a entrada e saída de navios de grande porte que frequentam o Porto de Itajaí. Ali, encontramos os tradicionais tetrápodes, popularmente conhecidos por ‘pés de galinha’, grandes peças de cimento utilizadas para comporem o molhe junto com as pedras retiradas da parte baixa do Morro do Atalaia e outros pontos da Estrada Geral de Cabeçudas. Um ‘pé de galinha’ está exposto ao lado do Museu Histórico de Itajaí – no início da Rua Hercílio Luz – simbolizando toda a atividade portuária desenvolvida na cidade.
PRAIA DO ATALAIA – A Praia do Atalaia apresenta duas pequenas rochas que oferecem uma divisão natural da praia em três partes. No início elas eram chamadas genericamente de Atalaia, mas, com o grande afluxo de banhistas e desportistas as partes foram recebendo nomes próprios. Assim, somente a área central, entre os dois pequenos rochedos, ficou com o nome original de Praia do Atalaia. O lado norte recebeu o nome de Praia do Molhe – Praia da Barra e, o lado sul recebeu o nome de Praia do Linguado. A praia é conhecida como Praia do Atalaia porque está no pé do Morro do Atalaia bem próximo à barra do Rio Itajaí.
PRAINHA DO MIMA – Atravessando o pequeno costão existente no final da Praia do Linguado temos acesso a uma pequena praia. Ela fica espremida entre o costão da Praia do Linguado e o Costão do Bico do Papagaio. Esta pequena faixa de areia já recebeu o nome de Praia do Rosa em referência ao pescador Natalício Rodrigues Rosa que morava na morraria defronte a ela. Também já foi denominada de Praia do Bico do Papagaio e Praia do Mafra – quando um morador local colocou placa tentando dar ao local o seu próprio nome. Contudo, quando a Prefeitura de Itajaí instalou uma pequena praça denominando-a de Praça Vilmar Borba – jogador do Clube Náutico Almirante Barroso conhecido popularmente de Mima – a população imediatamente utilizou o nome da praça para designar também a pequena praia, ficando em definitivo o nome popular de Praia do Mima.
BICO DO PAPAGAIO – O Bico do Papagaio é considerado um dos principais pontos turísticos de Itajaí. É utilizado como cartão postal desde a elaboração da ‘série Currlin’ nas primeiras décadas de 1900. O local ocupa o centro da discussão sobre a fundação de Itajaí porque o memorialista Hermes Justino Patrianova defende no seu ‘Pequeno Livro’ que o nome Itajaí advém justamente da expressão de origem tupi jaó-de-pedra (pássaro de pedra) em referência direta ao Bico do Papagaio. A discussão seguinte diz respeito ao questionamento de que o Bico do Papagaio não é uma formação rochosa natural, mas ganhou aquele formato quando da dinamitação das rochas na abertura da estrada geral de Cabeçudas. Ivo Pereira – cuidador de Marcos Konder no Hotel Cabeçudas – garante que ouviu dele um relato minucioso desta obra, conferindo, portanto, autenticidade à tese de que o Bico do Papagaio não é uma formação natural.
PRAIA DO GEREMIAS – Após o costão do Bico do Papagaio temos a Praia do Geremias em homenagem a um morador da localidade – Geremias Caldeira. Ele veio para a região como ex-soldado, havendo informações desencontradas sobre sua história de vida, se foi desertor na Revolução Farroupilha ou radicou-se no local após a guerra. O fato é que a casa de Geremias no sopé do morro servia de apoio para os primeiros veranistas que passavam pela estrada geral de Cabeçudas.
PRAINHA – Após a Praia do Geremias temos novamente um costão. Dessa vez o costão é um pouco mais extenso e, após passar um pontal, temos a Prainha, também conhecida como Prainha do Luiz Pescador, em referência ao pescador artesanal Luiz dos Santos que mantinha casa comercial à beira da estrada geral de Cabeçudas. Na faixada da venda afixava peças artesanais que ele próprio fazia com dentes de tubarões e grandes carcaças de caranguejos goiás e tartarugas.
ILHA LUIZ PESCADOR – Defronte à Praia da Peladinha temos uma pequena ilha que os frequentadores da Estrada Geral usualmente chamavam de Ilha Luiz Pescador, novamente em referência a Luiz dos Santos que ali recolhia os goiás que comercializava na sua venda à beira da estrada.
PRAIA DA PELADINHA – Saindo da Prainha em direção à Cabeçudas vamos encontrar novo costão. Encrustada nesse costão temos uma pequena praia que tem sua visão dificultada para quem passa pela estrada geral. Construíram residência de veraneio no local os empresários Abílio Ramos e, depois, Odilon Fehlauer. Odilon construiu um muro de arrimo alto tornando a visão do local ainda mais dificultada. O nome da pequena praia foi dado pelos estudantes que frequentavam a Praia de Cabeçudas na década de 1970, diante da informação de que uma jovem muito conhecida na cidade convidava suas amigas de escola para praticar topless no local.
PRAIA DO CANHÃO – Após a Praia da Peladinha temos novo costão e em seguida outra praia de pequeno porte. Moradores antigos fazem referência a esta pequena praia como a Praia do Canhão, porque corriam boatos de que na Revolução Federalista (1893) tropas em luta contra o governo desembarcaram e esconderam equipamento bélico pesado por ali. Segundo alguns pescadores o local também é conhecido como Praia do Cachorro e Praia da Vaca. Atualmente é fácil identificar a Praia do Canhão porque a Prefeitura construiu uma escadaria para possibilitar seu acesso a pescadores e banhistas.
BALNEÁRIO CABEÇUDAS – praia central (ver edição anterior da Sopa de Siri – agosto)
PRAINHA DO IATE – Após a Praia de Cabeçudas temos um grande costão até o final do Morro do Farol. Encrustada no meio do costão temos uma diminuta praia que era utilizada pelos navios que frequentavam o Porto de Itajaí, no início da colonização do Vale do Itajaí, para desembarque de mercadorias e passageiros quando a barra do rio estava impraticável. Até meados do século XX o local abrigava um porto de pescadores artesanais até ser construída no local (1958) a sede do Iate Clube Cabeçudas e a praia deu lugar a uma rampa para o acesso das embarcações ao mar.
MORRO DO FAROL – O território de Cabeçudas se limita ao costão norte do Morro do Farol. O morro ficou conhecido por Morro do Farol porque no seu topo foi erguido um farol, no ano de 1902, para orientar o tráfego marítimo na região.