Poesia da Semana
Eterna Mente
Álvaro Castro 1997
Introspectivo e livre de meu ego
divago no escuro, de olhos fechados,
sondando mistérios – como cego.
Nessa viagem quero romper o céu,
rasgar esse indevassável véu.
(A vida... ah, desprezível ironia!
luz fulgurante mas momentânea;
exacerbada e inútil miscelânea.
Se pudesse.., jamais aceitaria.)
Procuro em vão – nas trevas –
A energia dessa luz... Não desisto!
Nos sóis, nas luas, nas selvas,
só meu pensamento: “Penso: logo, existo.”
Sem forma, sou imortal e perene: Cosmos.
Com forma, sou mortal e evanescível: Pó.
(Sei que um dia serei saudade;
depois, lembrança ainda indelével
e, logo depois, apenas tênue.
Finalmente, nada. Nada mais!)
Mas, no escuro silente há paz e perenidade.
O tempo é sempre: juntos, futuro e pretérito,
momento único e eterno!
Aí, então, talvez fique a divagar
a minha eterna mente.