Por Magru Floriano
O nome Canhanduba tem origem tupi-guarani e significa ‘Lugar com muito mato’. É uma região desbravada desde os tempos dos primeiros colonizadores, sendo que seu território é cortado por diversas trilhas feitas pelos silvícolas que transitavam pela região. Segundo consta, esses ‘caminhos de bugre’ serviram de referência para os traçados de muitas estradas que temos atualmente, incluindo a BR-101. Nas obras de duplicação dessa rodovia, em 1996, foi encontrado o sambaqui denominado de ‘Sambaqui Canhanduba’. A abertura da BR-101, na década de 1960, dividiu o território da Canhanduba em duas localidades informais: Canhanduba de Dentro e Canhanduba de Fora.
Canhanduba de Dentro compreende as terras localizadas no lado esquerdo da BR-101 no sentido norte-sul. Pelos caminhos da Canhanduba de Dentro é possível acesso às terras do Ariribá, Fazenda e Praia Brava. Por este motivo, agora em 2025, a Prefeitura de Itajaí anunciou um novo acesso à BR-101 partindo da Rodovia Osvaldo Reis. A região vai viver uma verdadeira explosão imobiliária nos próximos anos, por conta desse acesso à BR-101 e empreendimento diversos, como é o caso do moderno estádio do Barra Futebol Clube e prédios residenciais.
Canhanduba de Fora, abrangendo as terras que ficam na margem direita da BR-101, sentido norte-sul, faz divisa com os municípios de Camboriú e Balneário Camboriú. Ela abriga o Complexo Penitenciário da Canhanduba (2010) e o Aterro Sanitário de Itajaí (2006). A região recebe as águas do Rio Canhanduba, anteriormente denominado de Rio do Meio e Ribeirão Conceição que deságua como tributário do Rio Itajaí-Mirim na localidade Werner – Carvalho.
A arquidiocese de Florianópolis estabeleceu, em 2012, que as duas igrejas da Canhanduba ficavam sob jurisdição da Paróquia São Pedro Apóstolo – Itaipava. A igreja da Canhanduba de Dentro tem como padroeira Nossa Senhora Imaculada Conceição sendo criada em 2011. A igreja da Canhanduba de Fora tem como padroeira Nossa Senhora do Rosário e foi criada em 2012.
A Lei nº 3359, de 21 de dezembro de 1998, que dividiu o território urbano do Município de Itajaí em Zonas Administrativas, estabeleceu a Zona Canhanduba nos seguintes termos: ‘partindo do limite com Ressacada, segue pelo divisor de águas da Serra do Ariribá até os limites intermunicipais com Balneário de Camboriú e Camboriú, contornando a BR-101 pelo lado esquerdo desta, seguindo pelo limite do perímetro urbano até encontrar o Rio do Meio, limite com Itaipava’. O território da Canhanduba, a exemplo da Itaipava, Espinheiros e Quilômetro Doze, possuem terras atingidas pelas leis que ordenam o uso do solo urbano e rural. Em outras palavras: parte do seu território é urbano, parte rural. A parte urbana diz respeito à faixa de terra às margens da Rodovia BR-101. O Morro do Araponga, que divisa a Canhanduba com Carvalho e Ressacada, abriga a ‘Cachoeira Canhanduba’ que serviu como primeiro manancial de água potável para a cidade de Itajaí. Marcos Konder desapropriou a área e construiu o primeiro reservatório no período de 1915-1919.
Toda a região (Canhanduba, Itaipava, Werner, Carvalho, Ressacada) é considerada um sítio histórico de Itajaí porque por ali passaram as tropas que lutaram na Revolução Federalista (1893). A ponte dos Werner foi destruída por canhões da armada revoltosa e ocorreram enfrentamentos das duas forças (governista e federalista).
Entre os proprietários de terras na localidade encontramos Sylvestre Nunes Leal Corrêa e José Correia de Negreiros. Eles são citados em processo de litígio por demarcação de terras no longínquo ano de 1793. Portanto, colonizadores de Itajaí anteriores a Antônio de Menezes Vasconcelos de Drummond e Agostinho Alves Ramos. O colonizador Agostinho Alves Ramos, por sua vez, foi proprietário de terras e olaria (minas de argila) na foz do Ribeirão Conceição (Ribeirão Canhanduba) assim como Alberto Pedro Werner. Dessa olaria de Alberto Werner teriam saídos muitos tijolos para a construção de prédios históricos de Itajaí, como é o caso do Prédio da Superintendência Municipal atual Palácio Marcos Konder. Nos tempos atuais também foi proprietária de terras na região a Família Sandri.
O some da comunidade é de origem indígena e tem várias traduções possíveis, sendo a mais aceita ‘Canhanduba – local com grande quantidade de mato’. Contudo, o estudioso Norberto Bachmann também aventou a possibilidade das seguintes traduções: ‘Localidade com grande quantidade de mato cortado’ e ‘Localidade com muitos demônios no mato’.
FONTES:
1 – ITAJAIPEDIA. Disponível em: https://itajaipedia.com.br/artigos/canhanduba/
2 – D’ÁVILA, Edison. Olarias em Itajaí – apontamentos e comentários acerca de sua história econômica e social. IN: Anuário de Itajaí 2021. Itajaí: FGML, 2022. Pag. 140.
3 – D’ÁVILA, Edison. Coluna Fatos & Comentários. Diário do Litoral – acesso em 17 de fevereiro de 2022, disponível em https: // www. diarinho.net /coluna / 624881 / Aririba
4 – CARDOSO, Elizângela Regina. Raízes. Itajaí: alternativa, 2004. Pag. 24.
Matéria da Revista Sopa de Siri nº 280 – novembro 2025 – páginas 23 e 24







