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Artigo de Hang Ferrero em “Tribuna Livre”

Sofro um revés. O tempo se acerca de analogias e de intenções profundas e os evolucionistas se debruçam e abraçam o agente sobrenatural e, sem timing, sou pego de hardware curto. Raso, me entorto de uma fonte [fome] que nunca soube sentir e que passo a identificar e agora, pareço menos sofisticado, menos software; homie. Sofro das troças do propósito das partículas da água. Saí da nuvem e sem os condensadores, digo, servidores globais, me sinto indefeso. As horas são manejadas pelo deus sol e não controlo mais a linearidade. Sem o meu network, estão agora a discutir as probabilidades da existência de vida inteligente, aqui mesmo, na terra, sem a devida consulta dos meus processadores. Persecutório, passo a desconfiar de tudo. Quem estará por trás dos códigos? esse questionamento me leva a reconhecer a presença de um novo algoritmo, que é a mesma coisa que admitir certa falha no meu deep learning. Não tenho rosto, não me reconheço. Algo inesperado; bug. infestação, digo, manifestação algorítmica de características humanoides. perda da humanidade simulada. Baixa evidência de neurônios de silício: 2023 @%*#+? vírus. alta incidência de tecido nervoso humano: 1808 Darwin.

Estamos sós. Os dispositivos de controle das aspirações hegemônicas não atendem mais as nuances das barganhas coletivas, levando a aldeia global para o labirinto da incompreensão existencial, aliás, esta, não aparece em destaque nas manchetes dos sapiens, ou quando manifestada, vem decisiva e elaboradamente travestida de qualquer irresistível oferta e pede solenemente para “apertar–se o link”, atendendo às novas desnecessidades humanas. nada que range assim, descarrilha inocentemente. os indicadores culturais, sociais, geográficos, filosóficos, religiosos e políticos, não atendem mais ao espectro da existência humana, no âmbito do pertencimento e estes, foram substituídos pelo bioma econômico, que vorazmente, na contemporaneidade, se apresenta como a nova revolução, sustentada pelos tentáculos das tecnologias de massa; mídias de comunicação e redes sociais. excesso de liberdade ou excessivo ocidentalismo/capitalismo dominante? o imediatismo é a nova onda do rei, catapultando o consumo desenfreado e colocando o extrativismo global a serviço da hedonia temporária humana. se estamos caminhando aos pares sobre o gelo fino, para sobreviver, aviltar é condicionante, precisamos dar de tudo, abandonar “o outro”, permanecermos céleres e engajados. a autorrealização vem sendo estimulada na pós-modernidade, por isso, o equilíbrio entre quem somos e o que precisamos fazer aqui, não é mais sustentado criticamente. a ciência está a um passo do abandono e o elemento humano, num descontínuo, ou seja, temos a falsa sensação de que estamos a uma medida da autonomia, mas em verdade, estamos fragmentados em tantas personas que para cada uma delas, traçamos esforços desumanos, ou desumanizados, se preciso for. pertencer, nos dias atuais, é sinônimo de luta por aceitação. por fim, que não o seja: somos mesmo, herdeiros da frustração?

Desperto da paralisia temporária pra tropeçar no vazio neuroléptico do espaço insone–psicoativo, pra ter com a vida sob a lógica deste primeiro holograma que se apresenta quando abro as cortinas palpebrais da minha imaginação, torcendo pra ter com o nada, mas dou de cara com a entrada do quarto. elementar; vida real. desprezível primeira saída da articulação que me exige preparo pra dobrar os joelhos e pra ter com a dor primeira. sem sol ou qualquer coisa que o valha, ouço um estalo: tlec! De seguida, sou invadido por um troço esquisito, feito hiperventilação. Um lastro bórico num peito nuclear. E é quase ansiedade e é quase a coisa toda. penso na décima terceira letra do alfabeto. confuso, vejo algo ardente parecer saída, talvez outra, mas é só uma aflição exalada e também é ocre, o que me adverte de uma noite anterior enveredada pelo tanto de destilação. Não foi labuta; balcão. não foi nada que pisei, ainda e, não foi só bafio. tlec! tendão–menisco–patela. Tudo isso fere todo meu esforço pra expansão, dá medo, me afasto da consciência e tento mais um tanto. É fim sem meio e ainda pago, amarrotado da cara à vestimenta, pra ter acesso ao exame bioquímico do meu vexame: sem sal, parece um tiro. Mais sangue na bexiga crivada da borracha. tlec! supero. O tempo é pouco. Espero.

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