Descrição
O grande desafio do resenhista de poesia é atrever-se a se declarar apto a julgar e opinar toda a intimidade que representa os poemas e, especialmente quanto as produções contemporâneas, cercar de interpretações a liberdade que essa poesia contém. Ouso, todavia, levantar muros de questões sobre os versos de India Alves, na antologia Relicário (Editora Traços & Capturas).
O livro é dividido em quatro partes: minha palavra, eu, meu lugar e meu tempo, onde os próprios pronomes possessivos indicam a intimidade dos caminhos da própria consciência pelos quais a autora nos leva. Temos flashes de seu interior, com seus desejos, alegrias, angustias e silêncios e até o feeling de seu processo criativo. Sentimos também a sensação do interior como antagônico de capital, onde os movimentos são mais lentos, a vida é mais calma e o eu tem seus tempos de lutas internas e calmarias, a la Erico Veríssimo ou Isabel Allende, em que o toque interiorano constrói o ambiente de um romance histórico com vários significados e simbologias de uma forma bem sul-americana.